Thursday, November 29, 2012

Parabéns VHM

"perdemos alguém e temos de superar o primeiro inverno a sós, e a primeira primavera e depois o primeiro verão, e o primeiro outono. e dentro disso, é preciso que superemos os nossos aniversários, tudo quanto dá direito a parabéns a você, as datas da relação, o natal, a mudança dos anos, até a época dos morangos, o magusto, a chuva de molha tolos, o primeiro passo de um neto, o regresso de um satélite à terra, a queda de mais um avião, as notícias sobre o brasil, enfim, tudo. e também é preciso superar a primeira saída de carro a sós. o primeiro telefonema que não pode ser feito para aquela pessoa. a primeira viagem que fazemos sem a sua companhia. os lençóis que mudamos pela primeira vez. as janelas que abrimos. a sopa que preparamos para comermos sem mais ninguém. o telejornal que não comentamos. um livro que se lê em absoluto silêncio. o tempo guarda cápsulas indestrutíveis porque, por mais dias que se sucedam, sempre chegamos a um ponto onde voltamos atrás, um início qualquer, para fazer pela primeira vez alguma coisa que nos vai dilacerar impiedosamente porque nessa cápsula se injecta também a nitidez do quanto amávamos quem perdemos, a nitidez do seu rosto, que por vezes se perde mas ressurge sempre nessas alturas, até o timbre da sua voz, chamando o nosso nome ou, mais cruel ainda, dizendo que nos ama com um riso incrível pelo qual nos havíamos justificado em mil ocasiões no mundo."

'A máquina de fazer espanhóis' é um livro sobre a velhice e sobre todos nós que ainda não somos velhos, sobre a perda, sobre a família, sobre a amizade, sobre a morte, sobre a fé e a esperança que se perde ou que se ganha à medida que nos aproximamos do fim, e é um livro fabuloso do Valter Hugo Mãe. Gostava de o conhecer um dia, só para lhe agradecer por todas aquelas páginas, a que nunca me canso de voltar.

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Monday, November 26, 2012

Aos 10 anos

Parece que em 1984 a letra de 'Relax' foi considerada demasiado "sugestiva" e causou grande polémica. Este foi também o ano de 'Thriller' de Michael Jackson e da revelação de Madonna ('Like a Virgin').
As miúdas choravam a cantar 'Hello', de Lionel Richie, e ficou toda a gente farta de ouvir o Stevie Wonder com 'I Just Call to Say I Love You' e a Tina Turner ('What's Love Got To Do With It'). E o 'Footloose' também. Gravávamos as músicas com um gravador de cassetes encostado à televisão e víamos as novidades no programa do Adam Curry, o Countdown. Por exemplo o 'Missing You' (John Waite), o 'Take On Me' (A-Ha), o 'I Want To Know What Love Is' (Foreigner), o 'It's My Life' (Talk Talk). Lembram-se de 'The Never Ending Story'  de Limahl, 'I Feel For You' de Chaka Khan, 'Can't Fight this Feeling' ou 'Self Control'? Foram grandes sucessos na altura. Os telediscos contavam histórias com princípio, meio e fim, as bailarinas tinham penteados enormes, os homens vestiam calças em balão, toda gente tinha chumaços e havia muitos sintetizadores. Havia Duran Duran, Cyndi Lauper, Phil Collins, Bruce Springsteen, Sade, Queen, Brian Adams, Nick Kershaw. Nem tudo era mau. Também ouvíamos Prince ('When Doves Cry', tão bom, ainda hoje, assim como 'Purple Rain'), Culture Club (tantas saudades de 'Karma Chamaleon'), os Alphaville ('Big in Japan'), U2 ('Pride'). Ouvíamos os Tears for Fears ('Shout') e os abaixo mencionados Wham!, claro. E acho que era mais ou menos isto.
De vez em quando, temos que nos pôr "nos sapatos" dos nosso filhos. O meu, por exemplo, agora anda a cantar Big Time Rush. É mauzinho, mauzinho, eu sei, mas tenho lá moral para o censurar?

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O meu Justin Bieber


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Friday, November 23, 2012

A lenta morte de Grey

Morre-se muito na Anatomia de Grey. Morre-se demais. E acontecem montes de desgraças. Assim, de repente, lembro-me que o George morreu atropelado por um autocarro. À Grey, morreram a mãe, o pai e agora a irmã. À Izzie morreu o namorado e ela própria esteve bastante doente. Morreu o marido da outra, que era doente do coração. Houve aquele maluco aos tiros pelo hospital que matou dois médicos e feriu uma data de gente. A Yang não morreu mas teve um quase casamento, um casamento, um aborto, um divórcio e dois traumas. O Derek já levou um tiro e agora está outra vez com a mão ferida por causa do acidente de avião, momento "lost" da série. Também por causa do acidente, morreu o Sloan e a Robbins ficou sem uma perna. Isto tudo em meia dúzia de anos e com o mesmo grupo de amigos. O que é de espantar é como no meio de tanta tragédia alguém ainda mantém a sanidade mental. Por favor, Shonda Rhimes, isto é um hospital não é o afeganistão! E é uma pena, que isto até era uma série decentezinha, não tão boa quanto 'Serviço de Urgência, mas, pronto, uma série boa para uma gaja ver e chorar um bocadinho e tirar citações bonitas sobre a vida. E agora já não há grande pachorra.

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Tuesday, November 20, 2012

Da vergonha das mulheres

No metro, reparo em várias mulheres de trintas e quarentas que lêem um livro grosso. Taparam a capa do livro com uma sobre-capa de pano. Ou forraram-na com um papel colorido. Para que só possamos suspeitar que andam a ler aquele livro das sombras.

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Monday, November 19, 2012

Argo

Ben Affleck em versão George Clooney. Gostei bastante (ver post abaixo - filmes baseados em factos reais da história do séxulo xx), apesar dos exageros hollywoodecos. A história já era tão boa e a personagem suficientemente heróica que, sinceramente, não havia necessidade de meter ali os dilemas familiares do homem. E aquela cena dos polícias atrás do avião também me tira  um bocadinho do sério. Mas, pronto, o início é muito, muito bom, e as piadas à indústria cinematográfica fizeram-me dar umas belas gargalhadas. Além disso, há que reconhecê-lo, um filme que me consegue dar nervos, mesmo quando já sei como aquilo acaba, tem que ter os seus méritos.

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Sunday, November 18, 2012

Ir ao cinema

Não gosto de filmes de terror.
Não gosto de filmes de ficção científica.
Não gosto de filmes fantásticos, com seres sobrenaturais, extra-terrestres, zombies, vampiros, elfos, fadas, bruxas, dinossauros, múmias, super-heróis e outros que tais.
Não gosto de comédias parvas, com adolescentes a dar puns ou com o mesmo ator a fazer não sei quantas personagens ou com piadas sexistas.
Não gosto de filmes de acção, de pancadaria, de artes marciais ou de carros.
Não gosto de filmes muitos violentos.
Contrariando tudo o que acabei de dizer gosto dos filmes do Tarantino e de muitos dos de M. Night Shyamalan.
Gosto de boas comédias, e são tão raras.
Gosto de comédias românticas, mesmo as mais parvinhas, mas costumo esperar para vê-las na televisão.
Gosto de filmes com intrigas políticas. E de alguns policiais.
Gosto de filmes antigos. Até dos musicais e dos melodramas.
Gosto muito de documentários.
Gosto muito de filmes baseados em pessoas ou factos reais. Ainda mais se forem acontecimentos do século XX.
Gosto muito de filmes com gente normal, que mostram o quotidiano. Que falam de famílias. De amores. De frustrações. De desamores. De pequenos nadas.
Gosto dos filmes do Woody Allen, do Tim Burton e do Clinton Eastwood.
Também gosto muitas vezes dos filmes do Alexander Payne e do Wes Anderson, só para citar dois estilos tão diferentes.

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Tuesday, November 13, 2012

Quem te avisa

Wednesday, November 07, 2012

Envelhecemos (notas sobre os dias que passam)

31. outubro. Há pessoas que não gostam do Halloween, que não é nossa tradição, que é uma importação. Ah, pois, que coisa chata. Nós que vivemos aqui numa bolha de lusitanidade e não importamos nadinha. Eu cá nunca festejei pão por deus nem sabia o que isso era até há um ano uma colega me ter falado maravilhas dessa tradição portuguesa que eu desconhecia por completo. Já das bruxas sabia tudo, desde as aulas de inglês do sétimo ano e ainda por causa dos filmes, das séries, do Charlie Brown. Podia dizer que gosto das bruxas porque é o meu dia, mas depois não saberia como explicar porque gosto também da acção de graças - embora não me pareça que tenhamos maneira de importar esta tradição, o que é pena. Mas não gosto do valentine's e também não sou lá grande fã do carnaval, à portuguesa ou à brasileira, adoro o natal mas podia muito bem passar sem o réveillon, o que só prova que os meus gostos não têm nada a ver com as tradições, são gostos e pronto. Na escola dos rapazes, felizmente, o Halloween já é uma tradição e eu divirto-me imenso a costurar fatos de bruxo, de vampiro, de diabo. E gosto de ter rebuçados para dar aos miúdos mais atrevidos do prédio, que correm pelas escadas deixando um lastro de farinha. E saio à rua com um chapéu bicudo na cabeça . É uma coisa que veio com a idade, isto de não me importar se outros pensam que eu sou meia amalucada.
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1. novembro. Não sou de fazer grandes festas mas também não fico deprimida no dia do meu aniversário. Não me sinto propriamente a envelhecer, não me vejo velha. Mas vejo o meu envelhecimento nos que me rodeiam. Como se fossem os outros o meu espelho. A minha irmã fez 40 anos. A Ângela, que era a nossa amiga-miúda de vinte e poucos, está a chegar aos 30. E depois há os rapazes, claro, que crescem a olhos vistos e nos fazem lembrar, todos os dias, como estamos mais velhos.
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4. novembro. Não ia ao Plateau há doze anos. Está exatamente na mesma. Ouvem-se as mesmas músicas. Dança-se até à exaustão. Saímos de lá às seis da manhã e estavam a vender cachorros-quentes à porta. Tal e qual como antes. Ou quase. Dormi duas horas, passei o domingo rabugenta, acabada, a rezar para que o dia passasse depressa para poder voltar para a cama.
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5. novembro. Os bilhetes para os One Direction esgotaram em apenas um dia. Tinha planos para ir com o meu filho, quem sabe até levar mais uns amiguinhos. Acho mesmo que me ia divertir à brava.
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7. novembro. O termo "literatura light", para nos referimos a um livro levezinho e fácil, é bastante enganador. Nada é mais difícil de ler do que a má literatura.
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Envelhecemos.
Não há como negá-lo.

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Thursday, November 01, 2012

Novembro

E a partir de agora começamos a pensar no Natal.

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