Há anos que ninguém liga nenhuma ao festival da canção. A RTP faz o esforço de organizar o evento a tentar não se envergonhar (o que nem sempre consegue). A comunidade artística em geral está-se nas tintas para aquilo. Só músicos de segunda (terceira? quarta?) categoria se arriscam a concorrer. Há muito tempo que dali não sai uma revelação ou uma canção popular. As audiências são míseras. E ficamos felizes se conseguimos ir à Eurovisão sem dar barraca nem ficar no último lugar.
Desta vez, por causa dos Homens da Luta, não se fala de outra coisa e parece que anda meio mundo em alvoroço porque isto não é uma coisa séria, que o Neto e o Falâncio estão a gozar com o festival, que o voto por telefone é uma fraude (o que conta mesmo são os votos das personalidades escolhidas nas terrinhas pelas delegações da RTP, isso é que é gente idónea, especialistas de renome internacional), que os Homens não representam Portugal (ao contrário do Nuno Norte, da Wanda Stuart ou do Axel - who? - que são tudo artistas de alto gabarito, daqueles que temos orgulho em mostrar lá fora).
Bom, para sermos honestos temos que reconhecer que os críticos têm razão em tudo isto. É verdade que aquilo é uma palhaçada - há até quem lhe chame música de intervenção, o que me parece demais. É humor e do bom - mas aquilo também é o festival da canção, portanto... Haverá assim tanta diferença entre os Homens da Luta e as Nonstop, digamos, ou os inigualáveis Flor de Lis ou o grande Tó Cruz ou essa estrela mundial que é a Vânia Fernandes (fui agora mesmo à wikipedia ver quem tinham sido os outros vencedores dos últimos tempos para me lembrar como eram todos tão bons e tão populares). A mim parece-me que os Homens da Luta se divertiram à grande no palco e cantaram uma musiquinha que entra no ouvido e que já andamos todos a trautear. O que é bastante mais do que se pode dizer de outras canções festivaleiras.
Labels: música