Quem me dera a mim a ser atleta olímpica
Eles conseguiram. Num país onde a maioria de nós se está nas tintas para desporto que não seja futebol, onde o desporto escolar está em vias de extinção, onde milhares de jovens praticam modalidades às custas dos pais (que pagam aos clubes e aos professores, que levam e trazem os miúdos de um lado para o outro), onde os pequenos clubes por esse país fora vivem nas ruas da amargura, onde durante quatro anos nunca ninguém ouviu falar da Telma Santos ou da Joana Castelão, onde as provas de ginástica, de ténis de mesa ou até mesmo de atletismo estão às moscas, não passam na televisão e são invariavelmente ignoradas pelos jornais. Mas estes portugueses conseguiram ficar entre os melhores. Estar ali ao lado dos chineses e dos americanos, que praticam desde pequenos integrados em complexos programas de treino. Queriam que eles ganhassem medalhas? Queríamos todos, eles mais do que ninguém. Mas a verdade é que isso seria sempre muito difícil. De vez em quando, com sorte, com um talento extraordinário e uma vontade de ferro, aparecem uma Rosa Mota ou um Carlos Lopes. Mas são execepções. De vez em quando, há umas supresas. Uns que passam às finais, que ficam perto do pódio. Que conseguem superar os nervos, as lesões, o stress, o medo, a falta de preparação, a falta de experiência, a falta de apoios, que conseguem superar-se. Que nos dão uma felicidade inesperada.
Mas dizer, como se tem dito nestes dias, que estamos desiludidos com os atletas portugueses é uma profunda injustiça.
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