Tuesday, February 28, 2012

Dos Óscares

Não vi os Óscares e não percebo nada de vestidos, mas como estou enfiada em casa a tentar curar uma gripe aproveito para vir aqui dizer que acho esta menina adorável com o seu vestido de bolinhas:

(sim, sim, a gwyneth ia muito bem, muito impecável, com muita classe, muito magra, muito direita, muito lisinha, mas é uma chata e eu gosto mais da natalie)

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Monday, February 27, 2012

Depois queixam-se da crise que afecta o turismo

Telefonema para um hotel de três estrelas no Alentejo, perto de um sítio onde temos uma festa no sábado:
- Bom dia, estava a consultar as informações sobre o vosso hotel no booking.com mas tenho umas dúvidas e precisava da vossa ajuda...
- Desculpe, mas vai ter que ligar depois das 16.00 porque a pessoa que a pode ajudar só está a essa hora.
- Como assim? Mas ainda nem sabe o que é que eu quero saber. A senhora não me pode dar informações sobre o hotel?
- Pois, diga lá...
- É que nós somos quatro, duas crianças e dois adultos. E aqui no site diz que só dá para ter uma cama extra. Eu precisava saber se tem algum quarto onde caibamos os quatro...
- Pois... acho que sim... acho que dá para pôr duas camas... mas...
- Mas dá ou não dá?
- Acho que sim...
- E qual é o preço?
- Ah isso não lhe sei dizer...
- Mas acha normal que uma pessoa ligue para um hotel e não nos saibam dizer o preço de um quarto? Olhe que nunca tal me aconteceu!
- Se quiser, eu posso tentar falar com a pessoa que sabe isso, e depois liga mais tarde...
- Não, deixe estar. Obrigado.

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Oito anos

Depois de um dia que começou muito cedo, com os parabéns cantados em família, todos enroscados na nossa cama, e que passou por uma festa com os amigos que meteu futebol e gincana, com os miúdos vermelhos e suados, e que continuou com uma tarde em família, com os primos, tios e avós em nossa casa, parecia que tinha passado um furacão por aquele quarto, e quilos de salgadinhos em cima da mesa, depois disto tudo, lá conseguimos acalmar as crianças e pô-las na banheira. Quando o António saiu do banho, embrulhei-o na toalha com um abraço, meu lindo, qualquer dia já não cabes no colo da mãe. E ele, o meu mais velho, disse:
- Eu vou sempre caber no teu colo.

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Monday, February 06, 2012

"Nunca dancei"

Devia ser 1999. Devia ser final de 1999. Lembro-me de um ciclo de conferências em que o tema era a utopia (lembras-te, Sónia?). Eduardo Prado Coelho falou sobre a dança. Porque, para ele, a dança, inalcançável, era um lugar utópico. "Nunca dancei." Ele dizia aquilo, e apontava para o seu corpo enorme, e sorria, e nós rimos todos, e ele continuou com a sua voz afável, que não é a voz de quem dá uma conferência, é a voz de quem se senta numa mesa de café a falar com os amigos.
Não encontrei o texto todo, só este bocadinho:

"Nunca dancei. Vi os outros dançarem, em terraços voltados para o mar, no chão de areia de África ou do Brasil, em clandestinos infernos de bares de marinheiros ou em inflamadas discotecas de praias turísticas, vi-os e julguei-os felizes, esquecidos e voláteis, perdidos e enovelados numa bola de fogo, mesmo se às vezes os pares se rompiam e ela vinha sentar-se a chorar, e então eu pensava que ainda havia palavras que podiam funcionar como carícias, que eu sabia dizê-las, palavras redondas encostadas à face magoada e triste. Também dancei sem que os outros soubessem que eu dançava, mas dancei fora da dança, porque dançava para mostrar que também dançava, e lembrava-me disso em cada passo, e nunca esquecia que era o meu corpo que dançava, e nunca soube dançar sobre o esquecimento do corpo, nunca ninguém dançou sobre o meu corpo como se fosse a areia da praia ou um terraço voltado para o mar, nunca ninguém que eu sentisse os dois esquecidos de mim.
Pouco a pouco, aprendi a olhar a arte da dança, e passei noites inteiras no dslumbramento de os ver, sem palavras úteis que me explicassem o que ali se passava à minha frente. Era apenas ficar sentado com os olhos colados ao vidro de um mundo outro em que os corpos se multiplicavam como estrelas no momento preciso em que ainda se não tinham tocado, mas já começavam a precipitar-se uns para dentro dos outros. Eles dançavam, esplêndidos, gloriosos, e eu ao vê-los sei que nunca dancei. [...]"

EPC, Paris (16.3.92)

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Sunday, February 05, 2012

Dance, dance, otherwise we are lost *

Não percebo nada de dança. Não sei os termos nem as técnicas, não sei dizer se um espetáculo é bom ou é mau, se é inovador ou uma banhada. Tenho aprendido algumas coisas - da história, dos movimentos, dos nomes mais importantes - porque me interesso e leio e falo com pessoas e procuro ver. Mas, ainda assim, se falo com um coreógrafo ou um bailarino interesso-me muito mais pela sua história e pelas histórias que andam ali à volta do que propriamente pelos meandros da criação e os significados das obras. Pergunto-lhe sobre a infância, sobre os filhos, sobre as suas viagens, os livros que anda a ler. Enfim. De dança não percebo nada. Saio de um espetáculo e sou incapaz de elaborar um discurso sobre aquilo, quanto mais uma crítica. Apenas sei dizer aquilo que senti. Se gostei. Se me entusiasmou. Se me emocionou. Se me fez ter vontade de ver mais. Se me deu prazer. Ou não. É pouco, eu sei, mas é o que é.

Esta semana vi dois espetáculos de Anne Teresa de Keersmaeker (e via-a a ela, a dançar). Um frio de rachar e eu cheia de tosse, estive quase para não ir. E, no final, em ambos os dias, aquela sensação de que aqueles tinham sido momentos especiais. Que saí dali um bocadinho mais rica. Que sou um gaja cheia de sorte.



* como dizia Pina Bausch

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Wednesday, February 01, 2012

Num banco de Lisboa, ao sol, com Anne Teresa