Cinema de reprise
Zapping. Vejo a Meg Ryan e o Tom Hanks na Sintonia do Amor e deixo-me ficar. Quantas vezes já vi eu este filme? Muitas. Mas mesmo assim deixo-me ficar. Mesmo sabendo os diálogos de cor, mesmo sabendo como vai terminar, nada disso diminui o prazer de ver um filme ou sequer reduz a ansiedade com que o vejo. Quantas vezes podemos chorar com a mesma cena? Quantas vezes rimos da mesma piada? E o que é mais estranho é que não há nada em comum nestes filmes que eu vejo e revejo vezes sem conta. São de épocas diferentes, de géneros diferentes, uns são filmes bons, outros nem por isso. Pode ser Quatro Casamentos e um Funeral ou Ocean's Eleven. Pode ser Casablanca ou Sunset Boulevard. Pode ser Kramer contra Kramer ou My Fair Lady. Pode ser Sabrina ou As Pontes de Madison County. Apanho-os a meio, no canal Hollywood, e já não me levanto do sofá. Prefiro mil vezes a Audrey Hepburn às polícias botocadas do CSI. Não é tempo perdido, não, é tempo recuperado.
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