Houve um tempo em que quando chegava alguém novo à redacção era apresentado a toda a gente e faziam-nos sentir em casa. Houve um tempo em que as pessoas se juntavam para jantar e beber e conversar e dançar. Iam os estagiários, os jornalistas, as secretárias, os gráficos, os editores, o director. Houve um tempo em que éramos muito mais do que somos hoje e, no entanto, sentíamos que estávamos todos (ou quase todos) juntos no mesmo barco e remávamos na mesma direcção. Houve um tempo em que se podia discutir e discordar e argumentar e dar opinião. E valia a pena. Houve até um dia um director que juntou no seu gabinete um grupo de gente nova, inexperiente, inconformada, exigente, crítica e, convenhamos, um pouco convencida, para lhes dizer: não se calem, queremos ouvir o que têm a dizer. Houve um tempo em que acreditámos mesmo que aquele jornal podia ser muito bom, que faltava tão pouco. Houve um tempo em que achámos que os jornais tinham futuro. E em que tinhamos paixão. E não foi há tanto tempo assim.
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