Adeus, Mário
Houve um tempo em que quando chegava alguém novo à redacção era apresentado a toda a gente e faziam-nos sentir em casa. Houve um tempo em que as pessoas se juntavam para jantar e beber e conversar e dançar. Iam os estagiários, os jornalistas, as secretárias, os gráficos, os editores, o director. Houve um tempo em que éramos muito mais do que somos hoje e, no entanto, sentíamos que estávamos todos (ou quase todos) juntos no mesmo barco e remávamos na mesma direcção. Houve um tempo em que se podia discutir e discordar e argumentar e dar opinião. E valia a pena. Houve até um dia um director que juntou no seu gabinete um grupo de gente nova, inexperiente, inconformada, exigente, crítica e, convenhamos, um pouco convencida, para lhes dizer: não se calem, queremos ouvir o que têm a dizer. Houve um tempo em que acreditámos mesmo que aquele jornal podia ser muito bom, que faltava tão pouco. Houve um tempo em que achámos que os jornais tinham futuro. E em que tinhamos paixão. E não foi há tanto tempo assim.
Labels: jornalismo
7 Comments:
5 estrelas!! Gostei imenso do que li... nota-se que escreveste c/ muito sentimento e saudade!
houve,sim. Que eu também me lembro, embora às vezes pense que fui eu que sonhei.
hoje é o tempo em que parece que tudo isso nos passa por entre os dedos como um punhado de areia...
Houve? Houve mesmo?
Houve.
Eu sei. Porque estava lá.
Também tenho saudades desse tempo, mas infelizmente acho que ele não volta mais.
Esse tempo já passou, mas felizmente há quem tenha passado por ele.
IG.
E eu tenho saudades tuas, deles, nossas. E agora dele também, o homem que nunca me acertou o nome.
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