Ainda o 25
A RTP decidiu fazer uma programação especial para assinalar o 25 de Abril e, se à primeira vista isto parece uma coisa bonita e eu sou toda a favor de falar da revolução, a verdade é que não me parece que a iniciativa tenha resultado. Antes de mais porque não se percebeu bem o critério. Colocaram lá tudo o que vagamente poderia ter a ver com a ditadura ou com o 25 de Abril. Uma espécie de vamos lá aproveitar para despachar mais este documentário que está aí há tanto tempo na gaveta. Depois, foi excessivo. Uma pessoa ligava a televisão a qualquer hora e apanhava com um documentário ou uma entrevista ou um filme. E por muito que me interessasse o assunto, a não ser que passasse o dia inteiro em casa, nunca iria conseguir ver tudo. Pior: nunca iria conseguir ver mesmo tudo porque a RTP decidiu fazer contra-programação consigo própria e colocou os espectadores a fazer zapping entre a 1, a 2 e a Memória a tentar decidir qual das revoluções lhe agradava mais. Ridículo, não?
Mas o mais grave, digo eu, é que este tipo de programação predefine o modo como vamos ver cada programa. Dá-lhe significados que, se calhar, ele não tinha à partida. E impede leituras mais amplas. É redutor. Por exemplo. Porque andei muito ocupada o dia inteiro, só consegui ver à noite o documentário sobre o Zeca Afonso e, depois, outro sobre o Alain Oulman. Dois músicos maiores, cuja importância foi muito para além da sua intervenção política. Eles merecem não estar reduzidos a isso. E a RTP não precisaria de pretextos para passar estes programas.
Dito isto, não consigo não me emocionar quando ouço o Grândola vila morena ou quando vejo as imagens daquele dia. Coisas minhas.
Mas o mais grave, digo eu, é que este tipo de programação predefine o modo como vamos ver cada programa. Dá-lhe significados que, se calhar, ele não tinha à partida. E impede leituras mais amplas. É redutor. Por exemplo. Porque andei muito ocupada o dia inteiro, só consegui ver à noite o documentário sobre o Zeca Afonso e, depois, outro sobre o Alain Oulman. Dois músicos maiores, cuja importância foi muito para além da sua intervenção política. Eles merecem não estar reduzidos a isso. E a RTP não precisaria de pretextos para passar estes programas.
Dito isto, não consigo não me emocionar quando ouço o Grândola vila morena ou quando vejo as imagens daquele dia. Coisas minhas.
1 Comments:
Gata, também achei discutível, a maneira como agendaram a programação, entre os dois canais. Principalmente, porque os programas em questã.o eram de qualidade.
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