Um dia e depois outro e depois
Uma coisa que aprendi com as licenças de maternidade foi a ter paciência.
Os putos não vão desaparecer, nós também não vamos a lado nenhum, o tempo não passa mais depressa e os problemas não se resolvem mais facilmente se nos enervarmos. Não temos escapatória. Não aparecerá uma fada madrinha para arrumar a casa. Ninguém poderá dar a mama por mim. A fralda não se muda sozinha. O bebé está a chorar e só cá estou eu para o acalmar.
Por isso, mais vale arranjar estratégias para manter a calma. Respirar fundo. Contar até dez. E continuar. Uma hora depois da outra. Um dia depois do outro. Lembro-me que nos primeiros tempos a minha grande preocupação (depois, obviamente, do bem-estar da criança) era passar o tempo. Fazia com que cada actividade com o bebé demorasse uma eternidade - fosse mudar a roupa, dar uma refeição ou brincar com uma bola. Qualquer coisa que o mantivesse ocupado e entretido tinha que ser aproveitada ao máximo. Despachar-me para quê? Para ele ficar aborrecido e desatar a chorar? E quase sem dar por isso já o dia estava a acabar e pronto.
À medida que eles crescem os problemas vão mudando mas a estratégia mantém-se, foi o que conclui esta semana quando, devido a doenças várias - minha e depois do Pedro e depois do António - acabámos os três enfiados em casa, sem possibilidade de ir ao parque ou ao supermercado ou visitar amigos ou nada. Enfiados em casa durante quatro dias e ainda falta um. A passar o tempo.
Ver televisão. Jogar à bola. Ver os dvds do panda. Fazer desenhos. Fazer um bolo. Procurar os patinhos no youtube. Jogar raquetes. Brincar com os carrinhos. Fazer o almoço e o jantar. Fazer cócegas. Espalhar os brinquedos todos pelo chão do quarto. Ler um livro. Almoçar, lanchar, tomar banho, jantar. Fazer pinturas. Cortar revistas. Dar abraços. Fazer a sesta. Jogar playstation enquanto o mano faz a sesta. Ver a chuva. Ver o vento nas árvores. Falar ao telefone. Fazer cavalinho. Comer bolachas. Brincar aos médicos.
Tudo várias vezes. Muitas vezes.
E não adianta uma pessoa querer que eles se portem bem durante 24 horas ou desejar que eles fiquem quietinhos e calados sem incomodar.Isso não vai acontecer. São crianças e por isso, ao mesmo tempo que fazem as outras coisas todas, também fazem birras, discutem, gritam, fazem barulho, pedem colo, dizem que não querem, desarrumam tudo, molham a roupa, entornam o leite, riscam as paredes. Faz parte.
E eu respiro fundo. E brinco com eles. E preparo as tintas. E troco a blusa. E ando atrás deles a apanhar brinquedos. E digo Pedro veste o casaco. E digo António afasta-te da televisão. E vou arrumando a casa e estendendo a roupa e lavando a loiça. E enquanto isso o tempo passa. Até que finalmente chega a hora de dormir e pronto. Surpreendentemente, ou talvez não, tenho-me chateado muito menos com eles nestes dias do que nos outros em que temos que correr de manhã para ir para a escola e correr à noite para ir domir. Lá está, é uma questão de ter paciência. Mas que também é uma canseira das grandes lá isso é.
Os putos não vão desaparecer, nós também não vamos a lado nenhum, o tempo não passa mais depressa e os problemas não se resolvem mais facilmente se nos enervarmos. Não temos escapatória. Não aparecerá uma fada madrinha para arrumar a casa. Ninguém poderá dar a mama por mim. A fralda não se muda sozinha. O bebé está a chorar e só cá estou eu para o acalmar.
Por isso, mais vale arranjar estratégias para manter a calma. Respirar fundo. Contar até dez. E continuar. Uma hora depois da outra. Um dia depois do outro. Lembro-me que nos primeiros tempos a minha grande preocupação (depois, obviamente, do bem-estar da criança) era passar o tempo. Fazia com que cada actividade com o bebé demorasse uma eternidade - fosse mudar a roupa, dar uma refeição ou brincar com uma bola. Qualquer coisa que o mantivesse ocupado e entretido tinha que ser aproveitada ao máximo. Despachar-me para quê? Para ele ficar aborrecido e desatar a chorar? E quase sem dar por isso já o dia estava a acabar e pronto.
À medida que eles crescem os problemas vão mudando mas a estratégia mantém-se, foi o que conclui esta semana quando, devido a doenças várias - minha e depois do Pedro e depois do António - acabámos os três enfiados em casa, sem possibilidade de ir ao parque ou ao supermercado ou visitar amigos ou nada. Enfiados em casa durante quatro dias e ainda falta um. A passar o tempo.
Ver televisão. Jogar à bola. Ver os dvds do panda. Fazer desenhos. Fazer um bolo. Procurar os patinhos no youtube. Jogar raquetes. Brincar com os carrinhos. Fazer o almoço e o jantar. Fazer cócegas. Espalhar os brinquedos todos pelo chão do quarto. Ler um livro. Almoçar, lanchar, tomar banho, jantar. Fazer pinturas. Cortar revistas. Dar abraços. Fazer a sesta. Jogar playstation enquanto o mano faz a sesta. Ver a chuva. Ver o vento nas árvores. Falar ao telefone. Fazer cavalinho. Comer bolachas. Brincar aos médicos.
Tudo várias vezes. Muitas vezes.
E não adianta uma pessoa querer que eles se portem bem durante 24 horas ou desejar que eles fiquem quietinhos e calados sem incomodar.Isso não vai acontecer. São crianças e por isso, ao mesmo tempo que fazem as outras coisas todas, também fazem birras, discutem, gritam, fazem barulho, pedem colo, dizem que não querem, desarrumam tudo, molham a roupa, entornam o leite, riscam as paredes. Faz parte.
E eu respiro fundo. E brinco com eles. E preparo as tintas. E troco a blusa. E ando atrás deles a apanhar brinquedos. E digo Pedro veste o casaco. E digo António afasta-te da televisão. E vou arrumando a casa e estendendo a roupa e lavando a loiça. E enquanto isso o tempo passa. Até que finalmente chega a hora de dormir e pronto. Surpreendentemente, ou talvez não, tenho-me chateado muito menos com eles nestes dias do que nos outros em que temos que correr de manhã para ir para a escola e correr à noite para ir domir. Lá está, é uma questão de ter paciência. Mas que também é uma canseira das grandes lá isso é.