What you see is what you get
Não tenho segredos. Nunca tive. Nem quando era criança e havia umas meninas que tinham umas amigas especiais e outras que tinham outras amigas especiais e eu era especialmente amiga de todas. Nem quando era adolescente e contava à minha mãe as minhas paixões e os namorados e o que fazia e os sítios onde ia. Não me lembro de ter grandes segredos e sempre que tentei ter algum dei-me mal, sofri de angústia e estraguei tudo o que havia para estragar. Por isso, segredos só guardo os dos outros e é porque tem de ser. Meus? Prefiro não ter. Prezo a honestidade. Não consigo mentir. Se estou feliz partilho a felicidade. Se estou triste não dá para disfarçar. Se estou apaixonada faço questão de o gritar bem alto. Se me apetece chorar, venham de lá essas lágrimas. Tenho mais que fazer do que preocupar-me com o que os outros vão pensar de mim. Se é o meu passado não me envergonho dele nem o quero esconder. Não tenho armários com coisas secretas. Gavetas onde ninguém pode mexer. Baús fechados à chave. Podem ir ver o meu telemóvel, cuscar os meus computadores, vasculhar à vontade - não hão de encontrar nada. A única coisa que podem descobrir é que eu sou uma pessoa absolutamente desinteressante. Podia ser pior. Dizem que os homens gostam de mulheres misteriosas, daquelas que não mostram tudo, que não abrem o jogo, que parecem ser qualquer coisa mais. Comigo não há ilusões. What you see is what you get. É bom? É mau? Não sei, mas é assim. E é tão simples.
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