What you see is what you get
Não tenho segredos. Nunca tive. Nem quando era criança e havia umas meninas que tinham umas amigas especiais e outras que tinham outras amigas especiais e eu era especialmente amiga de todas. Nem quando era adolescente e contava à minha mãe as minhas paixões e os namorados e o que fazia e os sítios onde ia. Não me lembro de ter grandes segredos e sempre que tentei ter algum dei-me mal, sofri de angústia e estraguei tudo o que havia para estragar. Por isso, segredos só guardo os dos outros e é porque tem de ser. Meus? Prefiro não ter. Prezo a honestidade. Não consigo mentir. Se estou feliz partilho a felicidade. Se estou triste não dá para disfarçar. Se estou apaixonada faço questão de o gritar bem alto. Se me apetece chorar, venham de lá essas lágrimas. Tenho mais que fazer do que preocupar-me com o que os outros vão pensar de mim. Se é o meu passado não me envergonho dele nem o quero esconder. Não tenho armários com coisas secretas. Gavetas onde ninguém pode mexer. Baús fechados à chave. Podem ir ver o meu telemóvel, cuscar os meus computadores, vasculhar à vontade - não hão de encontrar nada. A única coisa que podem descobrir é que eu sou uma pessoa absolutamente desinteressante. Podia ser pior. Dizem que os homens gostam de mulheres misteriosas, daquelas que não mostram tudo, que não abrem o jogo, que parecem ser qualquer coisa mais. Comigo não há ilusões. What you see is what you get. É bom? É mau? Não sei, mas é assim. E é tão simples.
Labels: Vida
6 Comments:
Gostei imenso :) super transparente*
o pior que podes ter são gavetas e baús fechados a sete chaves, com coisas que não desaparecem nunca mas que sabes que estão sempre ali e não desaparecem. não queiras isso para ti.
Gostei do texto,
se achas que és desinteressante havias de conhecer me para veres o que é tédio :P
beijinho
Quem escreve assim não é, de todo, desinteressante.
Mai Nada.
e vim cá parar porque vou passando no CócÓ...e fiquei tão surpreendida que tou cheia de vontade de roubar o teu texto - obviamente identificado. É certamente dejá vu mas escreveste como sou/sinto e preciso tanto de dizê-lo cá a uma pessoa que eu conheço, ah se preciso!
GU
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