Wednesday, July 18, 2007

Nao ha amor como o primeiro?

O meu primeiro amor também andava na terceira classe mas na sala da professora Dília e, por isso, eu só o via no recreio, a jogar à bola e a brincar à apanhada. Ele corria muito. Corria mais do que todos os outros. E tinha um sorriso lindo. Controlei-lhe os passos de longe até nos encontrarmos na turma do segundo ano do ciclo quando, sabe-se lá como, consegui convencê-lo a fazer os trabalhos de grupo connosco. Naquele tempo havia muitos trabalhos de grupo. Ele ia lá a casa e bebia leite com chocolate e eu ria-me muito de todas as parvoíces que ele dizia. Mas nessa altura ele já era o primeiro amor de metade das raparigas da escola, incluindo de uma das minhas melhores amigas, uma miúda de caracóis densos e sorriso franco com quem passei alguns dos melhores momentos da minha vida. Foi ela que me ensinou a jogar ao elástico. Vimos juntas, vezes sem conta, as cassetes do Top Gun e do Dirty Dancing. Partilhámos as dúvidas sobre como seria um beijo à séria e o que fazer com a língua. Suspirávamos juntas pelo nosso primeiro amor. Gostarmos do mesmo rapaz não foi problema até porque, pouco depois, o segredo já se tinha espalhado e o rapaz – chamava-se Álvaro – inchado na sua vaidade de 12 anos gozou com todas nós e acabou por ir namorar uma rapariga mais velha que, com certeza, já sabia tudo sobre beijos com língua. Continuei a controlá-lo de longe por mais uns anos, só por curiosidade. Lá pelo 10º anos ouvi dizer que se começou a drogar e que deixou de estudar. Que emagreceu muito e já não tem aquele corpo atlético que eu tanto admirava. Que se meteu em confusões, roubou dinheiro à avó, fugiu de casa. Que foi para Inglaterra e nunca mais voltou. O meu primeiro amor é um junkie.

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1 Comments:

Blogger MF said...

Adorei a forma como contáste-nos a história do teu primeiro amor, que afinal se revelou num junkie... não te preocupes, pelo menos a tua vida seguiu dentro da normalidade, sem drogas, e ficaste com uma lembrança terna para o resto da tua vida... o que interessa é o que foi e não no que se tornou, até porque já não faz mais parte da tua vida.

9:04 PM  

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