Wednesday, September 23, 2009

Sentimento de culpa (em dois actos)

As notícias dizem-nos que as crianças não devem ficar nas creches mais do que cinco ou seis horas por dia. Os psicólogos explicam que as crianças precisam do contacto com a família, que sentem profundamente este afastamento, que mais do que cinco horas poderá ser traumatizante, que há até umas que ficam deprimidas. Cinco horas por dia é o máximo, alerta um psicólogo de voz melosa. Realmente. Os pais, esses malvados, que não se esforçam, que são uns irresponsáveis, que vão para a galdeirice um dia inteiro em vez de tomarem conta das crias, que até gostam e fazem de propósito para terem que trabalhar nove horas por dia só para estarem longe dos filhos rabugentos. Eu concordo plenamente. Cinco horas parece-me ideal. E desde já agradeço a preocupação do senhor psicólogo e, adivinho, pelas suas palavras, que posso contar com a sua ajuda para resolver esta situação. Digamos que lá pelas 15.00 pode ir buscar o meu pimpolho. A essa hora ele já deve ter acordado da sesta, por isso, dou-lhe a chave de minha casa que fica mesmo ao lado da creche e podem ficar à vontade a brincar e a estabelecer uma relação afectiva profunda, que eu não me importo, até à hora em que eu chegarei morta do trabalho. E, já agora, nos entretantos, podia ir adiantando o jantar, está bem?



(parte-se-me o coração todos os dias quando, depois de ter saído a correr do meu emprego com a sensação de que sou olhada de lado por toda a gente e de ter discutido com o taxista para ele ir um bocadinho mais depressa, entro na escola do meu pequenino, olhando para o relógio a ver se ainda não são sete horas, e ele vem a correr para mim com um beicinho de todo o tamanho e as lágrimas gordas a correrem pela cara, agarra-se a mim com força e não há quem consiga voltar a pô-lo no chão a não ser quando chegamos ao porto seguro da nossa casa. sim, os psicólogos têm razão, é uma merda de vida, mas escusavam era de o dizerem com esse tom censório, como se fosse fácil mudar isto, fazemos o quê?, deixamos de trabalhar e passamos a comer arroz todos os dias?, obrigamos os avós - quando os há - a virem da província para tomarem conta dos netos?, gastamos o pouco que nos sobra - quando sobra - do ordenado e contratamos uma empregada?, apostamos tudo no casino a ver se nos tornamos milionários? parte-se-me o coração e a única coisa que posso fazer é dar-lhe beijinhos e dizer muitas vezes a mãe está aqui, a mãe está aqui)

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Wednesday, September 16, 2009

Embalar

Podes adormecer-me como fazes com o mano? E, então, hoje não houve livros nem histórias. Ele enroscou-se no meu colo, as pernas compridas de mais sobre a cama, a cabeça no meu peito, os braços a doerem-me quando o tentava baloiçar, e fechou os olhos, muito queitinho, enquanto eu cantava com a voz embargada eu sei e você sabe já que a vida quis assim que nada nesse mundo levará você de mim e lhe ia dando beijinhos na testa.

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Sunday, September 13, 2009

Uma espécie de férias

Pela primeira vez desde que me lembro de saber ler, nestas férias não consegui ler um mísero livro do princípio ao fim. Isto diz tudo.

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Thursday, September 10, 2009

É bom ser naif

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Wednesday, September 09, 2009

Acabou-se o que era doce

Ligo o computador às onze e meia da noite enquanto tenho a comida no lume. Massinha com carne para o pequenito e almondegas para os crescidos jantarem, que o dia amanhã prevê-se complicado e não sei se vou chegar a casa a tempo e horas. Pois. Acabaram-se as férias. É que não tinha saudades nenhumas disto.

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Sunday, September 06, 2009

O amor esta no ar



(foi lindo, não foi?)

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