It's killing me
O pior não são as noites mal dormidas, as correrias para lá e para cá, os bifes descongelados à pressa, o arroz que não sabe a nada, o pior não é a roupa que se acumula para passar a ferro nem o pó em cima da televisão, não é a balbúrdia dos banhos e do jantares com gritos e choros pelo meio nem é o facto de às dez e meia da noite já estar mais morta do que viva, o pior de tudo, aquilo que me angustia mesmo, é pensar que não vou conseguir fazer isto tudo tão bem como gostaria. Que quase não tenho tempo para brincar com o bebé. Que quase não tenho paciência para jogar à bola com o miúdo. Que os fins-de-semana não são tão prazeirosos como era suposto. Isso é que é o pior. E só espero que no meio desta loucura que é a nossa espécie de vida eu tenha capacidade para evitar falhas realmente graves. Estou preparada para regredir na carreira e para ser a pior dona-de-casa mas não iria suportar olhar para trás um dia e perceber que tinha sido uma mãe medíocre.
11 Comments:
Não estás muito mal, apesar de tudo. Eu ainda não estou preparada para ser uma má dona-de-casa e para dedicar menos tempo à profissão. Não sei se isto fará de mim pior mãe. Era mais fácil se fôssemos super-mulheres...
A última frase diz tudo!
Cristina
é por isso que a minha suposta carreira ficou para trás.
Faço minhas as palavras da Ana Rute Carvalho.
Mandei parar o carrocel e saí.
Arranjei tempo para "brincar com o bébé" e "paciência para jogar à bola com o miúdo". Não consegui nunca ser boa dona de casa - demasiadas coisas mais interessantes para fazer, escrever, ler...
Mas ganhei muito com isso; assim pude acompanhar as primeiras palavras, os primeiros passos, os primeiros dias de escola (e sim, fui daquelas que levam o lanche à escola na primeira semana... ao mais novo), o primeiro namorado, as primeiras lágrimas e desgostos de amor... ev su a pessoa e quem eles mais confiam.
No mudava nada.
Mas sim, fico lixada quando em profissão escrevem "doméstica".
Porque de doméstica não tenho nem o espírito nem as acções. Sou mãe a tempo inteiro. Há 16 anos.
Fátima
Olha, estou como tu. Sinto isso todos os dias. Vezes demais acontece que quando tenho tempo (o que acontece muito raramente) não tenho paciência. E sinto que já sou, vezes demais, uma mãe imprestável. Medíocre. E sabes o que é pior? Vou ter outro. E sim, estou morta de medo. A achar que sou uma idiota. E pronto, agora vou ali chorar que as hormonas estão - também - killing me.
Afinal não estou sozinha no mundo!
já é tarde(estou a ver se o Obama ganha)e não esperava encontra um desabafo tão próximo com o q eu sinto. Amanhã mais fresquinha escrevo. Até lá Força!
é isso mesmo.
Pois!
sabes, tenho 16 anos e a sensação que não sei nada da vida. Nada. E no entanto, o teu texto tocou-me muito: é que há coisas que não se explicam, apenas se sentem. Acho que eu, numa situação dessas, abdicaria de tudo, tudo, menos de me entregar de corpo e à alma aos meus filhos.
mas bolas, ao fim de tantos anos a estudar, tantas noites sem dormir, tantas páginas e mais páginas de resumos...custa muito deitar tudo pra trás das coitas, não é? ainda para mais num tempo de crise como o nosso...
boa sorte. tenho a certeza que vais encontrar a estabilidade a força necessárias para seres boa em tudo
Olá outra vez! Não estou nada fresquinha mas aqui estou.
Sabes q mais, YES WE CAN! estou lavada em lágrimas com o discurso do Obama é o q nós precisamos p/ alimentar a alma qd o caos se istala, a ESPERANÇA q vai correr tudo bem. Sabes, qdo ficamos tristes, exaustas,"donas de casa" desesperadas, temos q parar, fechar os olhos, respirar fundo, OLHAR p/ os nossos FILHOS, sentir a emoção a inundar o nosso CORAÇÃO e dizer-lhes nos OLHOS - AMO-TE MUITO FILHO!!!
Os nossos filhos não nos querem perfeitas, só precisam de uma mãe q os ame.
Mtos beijinhos p/ todas da Pétala
Tentar todos os dias, nem que seja só meia-hora, estar única e exclusivamente com eles.
Sem cair na tentação de (ao mesmo tempo) arrumar, limpar, cozinhar ou até espreitar o jornal.
Dar-lhes atenção, brincar com os carrinhos, ler um livro, fazer-lhes cócegas, dar-lhes miminhos.
O que parece ser fácil, não é assim tão simples, porque perante a visão de uma casa desarrumadíssima e suja, o jantar que não se faz sózinho, a pressão de ficar só mais um bocadinho no emprego, corre-se o risco de se perder qualquer coisa lá pelo meio.
É que eles crescem tão depressa...
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