Luzes e chaminés
A nossa árvore não é de design xpto mas é adorável. É pequena e tem enfeites vermelhos e dourados, comprados ao longo dos anos, em lojas diferentes, de materiais diferentes, nada combina com nada. Mas não tenho coragem de os deitar fora. Abro as caixas e deixo os miúdos escolherem os que quiserem até a árvore estar cheia. As luzes têm a forma de estrelas e são a única coisa cara que ali está. Pena não piscarem. Ainda assim, acendemo-las sempre que estamos em casa. Temos três pais natais de chocolate que hão de ser comidos no dia dos reis. Um deles é para mim, claro. A base do presépio é feita com uns antigos individuais da cozinha. E por baixo de tudo, para fazer o monte, está a biografia do salazar. O pedro gosta de alinhar os reis magos, assim, em fila, e amua se eu os mudo de posição. O anjo andou a voar pelas mãos dos miúdos e perdeu uma mão. Felizmente, temos outro anjo, feito pelo pedro. E outro presépio desenhado pelo antónio. E mais um cartão de natal feito pelo antónio para dar ao pedro. E o mealheiro da catequese, pintado em família, onde estamos a pôr moedinhas para os missionários. Também temos uma bandolete com uma árvore de natal super brilhante, que me ofereceu a sónia e que eu adoro usar na rua, para grande vergonha do meu filho mais velho. Às vezes também me dá para levar um dos dois gorros de pai natal que neste momento estão enfiados na meia gigante que está pendurada na porta da sala, uma vez que não temos lareira. No outro dia, o antónio, que já não acredita no pai natal, explicou ao pedro, com muita calma, que ele não tinha com que se preocupar, pois quando as casas não têm chaminé o pai natal entra pela janela. Pois é, respondeu o pedro. E o antónio olhou para mim e fez-me um sinal, com o dedo sobre os lábios, para que eu me calasse. Deixa estar, ele ainda é pequenino, murmurou.
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