Malas à porta
Uma pessoa adquire várias capacidades depois de ter filhos. Eu, por exemplo, aprendi a fazer malas num piscar de olhos e sem grandes stresses. Não foi sempre assim. Ao princípio, depois do António nascer, começava a fazer a lista do que precisava dias antes de viajar, enchia sacos e sacolas e, mesmo assim, acabava sempre por me esquecer de algo essencial como o biberão. Mas a boa notícia é que, a não ser que se vá para o fim do mundo, há sempre uma loja por perto onde se vende tudo aquilo de que nos esquecemos, de fraldas a chuchas, papas lácteas ou chinelos (Lição número 1). Depois de duas ou três viagens com crianças pequenas, rapidamente percebi que levava sempre roupa a mais, desnecessariamente. A verdade é que, ao contrário do que se sonha, nas férias os programas acabam por ser repetitivos - praia, piscina, campo (não me estou a queixar, praia, piscina, campo está óptimo) - sem variações como sair à noite, jantar num restaurante de luxo ou qualquer outra coisa do género. E as crianças, sobretudo se forem rapazes, acabam por andar quase sempre de fato de banho e t-shirt. Por isso (Lição número 2), é bom levar uma roupinha mais chique, just in case, mas não é preciso mais do que isso, o segredo é levar calções e blusas, para lavar e vestir as vezes que forem necessárias (de preferência, e para quem conseguir, o que não é o meu caso, sem passar a ferro) e uns vestidinhos para mim e pronto. O mesmo se aplica aos sapatos: sandálias para mim, ténis e chinelos para todos, assim como assim eles vão andar descalços a maior parte do tempo. Finalmente, e esta é a lição (número três) mais importante de todas: ter sempre comigo a minha mochila Sport Billy (referência a um desenho animado do meu tempo, quem não souber é procurar no google), onde tenho uma muda de roupa para cada um, casacos, bonés, nesta altura do ano também os fatos de banho e uma toalha, uma garrafa de água e snacks (bolachas, leite com chocolate). Com esta minha mochila estou pronta para tudo. Ir almoçar em casa da avó ou a um restaurante, visitar amigos na sua casa de férias, dar um saltinho à praia ao fim da tarde, qualquer coisa, e responder aos acontecimentos infantis inesperados como um gelado entornado nos calções, uma criança que não chega a tempo à casa de banho, um mergulho na piscina, uma fome a meio da viagem. Tenho a mesma mochila há oito anos e é um dos meus bens mais preciosos. Algumas pessoas acham que eu sou maluca e que com miúdos já tão crescidos não há necessidade de andar sempre com roupa atrás, mas essas pessoas obviamente não conhecem os meus filhos e o seu potencial asneirento. Uma pessoa adquire mesmo várias capacidades depois de ter filhos. Fazer malas e ignorar as opiniões dos outros. Por exemplo.
6 Comments:
Não obstante tenha já chegado, ao fim de seis anos, a estas mesmas conclusões, continuo a detestar fazer malas!
Amei a parte de "ignorar as opiniões dos outros" - a energia que se poupa!!!
Post muito útil! Apesar de ainda não ser mãe, gosto muito de saber como é que mães descomplicadas viajam com filhos. É uma boa alternativa à conversa do costume do "dps quando tiveres filhos já não podes ir para aqui e para ali..."
adorei este blog :-) parabens, vou seguir
Como gosto de cá vir... :)
Uma vénia a este post!
Este ano levei, para mim e 2 filhas, 1/3 da roupa que levei nos anos anteriores.. Ainda assim metade não vestimos. Tens razão, nas férias a roupa resume-se a chinelos e vestidos de praia :)
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